“Não será num futuro previsível, porque penso que as questões que dividem os dois países atualmente, o quadro em que se encontram, penso que poderá não ser possível chegar a um consenso sobre a forma de fazer avançar esta relação”, argumentou, durante a conferência “Índia: a próxima superpotência global?”, organizada em Londres pelo Instituto de Relações Internacionais Chatham House.
Saran recordou que foi alcançado um consenso entre os dois líderes em 2005, quando ele estava em funções.
O entendimento é que “Índia não é uma ameaça para a China e a China não é uma ameaça para a Índia. Há espaço suficiente na Ásia e no mundo tanto para uma China emergente como para uma Índia emergente, e a Índia é uma grande oportunidade económica para a China”.
“A China é uma grande oportunidade económica para a Índia e os dois países têm interesses muito convergentes no que se refere à definição da ordem mundial global”, acrescentou.
O que mudou, salientou, “é que a China está agora a comparar-se com os Estados Unidos da América, não vê o mesmo nível de interesse comum com países emergentes como a Índia e os outros”.
“Isto é muito óbvio, por exemplo, nas negociações sobre as alterações climáticas, em que a Índia, o Brasil, a África do Sul e a China costumavam coordenar muito bem as suas posições nas negociações. Atualmente, isso já não acontece”, explicou Saran, que foi também negociador para as questões ambientais.
Na mesma conferência, a professora de ciência política da universidade King’s College London, Louise Tillin, disse que a oposição poderá colocar pressão sobre o Partido Hindu Bharatiya Janata (BJP), do Presidente Modi, nas próximas eleições nacionais.
“Penso que o BJP está provavelmente a ir para estas eleições com o pé direito. Dito isto, os resultados das eleições estaduais que se esperam para este fim de semana serão importantes porque nos darão uma ideia da saúde do principal partido da oposição nacional, o Partido do Congresso, que é o principal adversário em quatro estados que vão a eleições”, referiu a académica britânica.
Segundo Tillin, se este partido chegar a um acordo sobre a partilha de deputados com outros partidos da Aliança Indiana, formada há alguns meses, “isso poderia ser potencialmente mudar as coisas”.
“A oposição indiana está extremamente fragmentada, especialmente a nível regional. Se houvesse uma aliança nacional coerente da oposição, isso poderia exercer uma grande pressão sobre o BJP e contribuir para um resultado eleitoral bastante imprevisível”, explicou.
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