A continuidade dos exercícios militares, iniciados quinta-feira, foi confirmada pelo comandante estratégico operacional das Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela (FANB), Domingo Hernández Lárez, através da rede social X [antigo Twitter].
“As FANB continuam destacadas no Exercício Militar de Ação Conjunta General Domingo Sifontes com a interoperabilidade dos meios aeronavais e aeroespaciais do Sistema de Defesa Territorial do Atlântico Leste”, explica Domingo Hernández Lárez.
Na mesma mensagem o comandante sublinha que estão a ser avaliados “os níveis de prontidão, a alta capacidade de reação e a coesão da Força de Tarefa, no cumprimento da missão de garantir a soberania e a integridade territorial”.
“Para nós a pátria está primeiro”, sublinha Domingo Hernández Lárez, que na mesma rede social divulgou várias fotos aéreas e vídeos de aviões de combate e da zona, entre elas um barco com a mensagem “O Essequibo é nosso, avançar e vencer” e um mapa da Venezuela que inclui o território em disputa, mas sem a indicação de “zona em reclamação”.
A Venezuela advertiu na quinta-feira o Reino Unido e a Guiana que vai responder de maneira oportuna às ameaças à soberania nacional, no âmbito do diferendo sobre Essequibo.
“O comportamento ameaçador contra o nosso país e [contra] a paz da nossa região terá uma resposta oportuna e legítima da Venezuela. Há mais de dois séculos que decidimos pela nossa independência. Não aceitaremos nenhum tipo de neocolonialismos. A Venezuela respeita-se”, escreveu a vice-Presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, na rede social X.
Na mesma rede social, a governante lembrou que a “a Venezuela repudia e rejeita a interferência do Reino Unido na disputa territorial sobre a Guiana Essequiba”.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou na quinta-feira exercícios militares junto à fronteira com a Guiana, em “resposta à ameaça” do Reino Unido, que enviou um navio de guerra para a zona em plena crise sobre Essequibo.
Maduro indicou que a primeira fase dos exercícios militares venezuelanos inclui 5.682 combatentes com patrulhas aviões de combate F-16 e Sukhoi e embarcações.
No mesmo dia, a Venezuela afirmou, em comunicado, que “rejeita de maneira categórica a chegada do navio HMS Trent, da Marinha britânica às costas da Guiana, o que constitui um ato de provocação hostil e uma violação da recente Declaração de Argyle [São Vicente e Granadinas], assumida como um plano para resolver a disputa territorial sobre a Guiana Essequiba”.
A região de Essequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como “zona em reclamação”, está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.
Com cerca de 160 mil quilómetros quadrados, Essequibo é rico em petróleo, representa mais de dois terços do território da Guiana e abriga cerca de um quinto da sua população, ou cerca de 125 mil pessoas.
Para a Venezuela, o rio Essequibo devia ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.
Em 03 de dezembro, a Venezuela realizou um referendo consultivo em que mais de 95% dos eleitores que participaram votaram a favor das intensões dos Governo de anexar Essequibo aos mapas venezuelanos.
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