“O que nós estamos a fazer é a continuação do treinamento e formação de jovens moçambicanos, afinal de contas é o papel dos moçambicanos garantirem a segurança deste país e deste povo […] É o nosso papel formar e treinar [jovens] para reocupar os sítios onde o contingente da SADC for deixar um vazio”, declarou Tiago Nampele, citado hoje pela Televisão de Moçambique (TVM).
A Missão da SADC em Moçambique (SAMIM, na sigla inglesa), que deverá começar a sair de Cabo Delgado a partir deste mês, chegou ao terreno em 09 de agosto de 2021 para apoiar as forças moçambicanas no combate contra os rebeldes que aterrorizam a província desde 2017, com um mandato inicial de três meses e que viria a ser prorrogado várias vezes.
Com apoio das forças da SADC e do Ruanda, que chegou em julho daquele mesmo ano, a ofensiva militar de Maputo possibilitou um clima de maior segurança na região que não era sentido há anos, recuperando localidades que estavam controladas pelos rebeldes, como a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde 2020.
Segundo o comandante do exército moçambicano, atualmente, os rebeldes têm optado por incursões isoladas e, em pequenos grupos, as autoridades suspeitam que eles estejam instalados nas margens do rio Messalo, entre Muidumbe e Macomia, mais a norte da província.
“Os terroristas agora estão num espaço já conhecido, embora não tenha uma base fixa. Estão em pequenos acampamentos e em pequenos grupos, que se entende serem mais flexíveis. Quando eles notam a nossa presença, eles se espalham”, declarou.
O exército moçambicano considera que a segurança foi restabelecida em cerca de 90% da província de Cabo Delgado, defendendo haver condições para o regresso das empresas privadas, incluindo a petrolífera francesa Total, que lidera o consórcio da Área 1, um investimento na ordem dos 20 mil milhões de euros para exploração de gás em Afungi.
As obras foram suspensas por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico e seus afiliados.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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