“O Ocidente altera a tática e possivelmente até pensa em alterar a sua estratégia porque o seu plano está a sofrer um estrondoso fracasso”, argumentou Serguei Lavrov, numa entrevista aos ‘media’ estatais russos.
Apesar da mudança de estratégia, o governante russo sublinhou que a “desnazificação e o desarmamento” da Ucrânia são “inevitáveis”.
“Como resultado desta guerra híbrida do Ocidente contra a Rússia, (…) a Rússia tornou-se mais forte este ano e a unidade do nosso povo aumentou significativamente”, sublinhou Lavrov, que garantiu que as sanções internacionais não cumpriram o seu objetivo.
Neste sentido, o ministro russo garantiu que o país está preparado para “qualquer evolução dos acontecimentos” e salientou que alguns altos funcionários internacionais, como o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, apelidaram Moscovo como “inimigo”.
“Estamos prontos para tudo (…). Eles já tentaram conquistar-nos mais do que uma vez”, afirmou.
“O mundo está farto do dólar, que se está a tornar um instrumento de influência, uma ferramenta para minar as legítimas posições competitivas dos países em diferentes regiões e um instrumento de interferência nos assuntos internos”, prosseguiu, antes de argumentar que “só uma grave crise interna pode livrar os Estados Unidos da sua superioridade”.
E acrescentou: “Enquanto tiverem essa infalibilidade, a sua superioridade será esmagadora”.
Serguei Lavrov falou também sobre a fórmula de paz para a Ucrânia sugerida pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerando ser “fruto de uma imaginação doentia” e apontando que o líder da Ucrânia “traiu o seu próprio povo”.
O ministro russo afirmou ainda que não vê sinais de um “futuro brilhante para a União Europeia (UE)”, à medida que avança o processo de alargamento do bloco comunitário.
No passado dia 14 de dezembro, o Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem vindo desde então a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
Desde o outono, Moscovo tem aumentado os ataques noturnos contra cidades ucranianas, numa altura em que se levantam dúvidas sobre a continuação do apoio militar ocidental a Kyiv.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
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