Enquanto o mundo enfrenta inúmeras guerras sem fundamentos promovidas por indivíduos medíocres que defendem a morte, a área da medicina permanece incansável. Profissionais comprometidos com a vida avançam nas pesquisas, buscando meios de erradicar o câncer de mama da existência das mulheres. Cientistas da Anixa Biosciences, uma empresa de biotecnologia, compartilharam resultados encorajadores sobre uma nova vacina capaz de impedir a recorrência de casos mais agressivos de câncer de mama. Na fase 1 do estudo clínico, todas as voluntárias apresentaram respostas imunológicas robustas contra o tumor.
A vacina foi desenvolvida para direcionar o sistema imunológico, combatendo as células cancerígenas do câncer de mama triplo negativo (CMTN) por meio de um mecanismo inovador. O CMTN é uma forma agressiva de câncer de mama que carece de receptores hormonais e não produz a proteína conhecida como HER2. Para estimular a resposta imunológica, os pesquisadores criaram uma vacina com instruções genéticas para a proteína-alvo. Dessa forma, as células começam a produzir a proteína codificada nas instruções de DNA, apresentando-a ao sistema imunológico e desencadeando uma resposta imune.
No total, 66 mulheres com câncer metastático participaram do estudo. Todas elas receberam tratamento para o câncer de mama, atingindo remissão completa ou possuindo apenas um tumor remanescente no osso, geralmente de crescimento lento.
As participantes foram divididas em três grupos, recebendo cada uma três injeções:
Grupo 1: três injeções de baixa dose (10 mcg) da vacina;
Grupo 2: três injeções com dose intermediária de 100 mcg;
Grupo 3: três injeções de alta dose, totalizando 500 mcg de vacina.
A aplicação resultou em resposta imunológica à proteína HER2 em todas as pacientes, sendo mais pronunciada no tecido mamário daquelas que receberam a dose intermediária de 100 mcg.
Além disso, ao concluir a fase 1 do estudo, constatou-se que a vacina é segura, com efeitos colaterais leves, como vermelhidão, inchaço no local da injeção e sintomas semelhantes aos da gripe.
Esta é apenas a fase 1 de uma série de testes. A próxima etapa, se também obtiver resultados positivos, poderá indicar o desenvolvimento de uma vacina eficaz, oferecendo uma nova opção de tratamento para pacientes com câncer de mama.
Outras pesquisas em andamento incluem um projeto na Escola de Medicina da Universidade de Washington, que está desenvolvendo uma vacina contra o câncer de mama triplo negativo. Até o momento, testes foram realizados apenas em camundongos e macacos Rhesus. Na Universidade de Stanford, pesquisadores utilizaram células-tronco para treinar o sistema imunológico a combater tumores de mama, pulmão e pele, com testes em camundongos.
E, recentemente, Paul Burton, diretor médico da farmacêutica Moderna, afirmou que uma série de vacinas terapêuticas, destinadas a vários tipos de câncer, doenças cardíacas e condições autoimunes, estará disponível até o final da década (2030). No entanto, ele indicou que as primeiras doses podem ser aprovadas em cinco anos.
“Teremos essas vacinas e elas serão altamente eficazes, salvando muitas centenas de milhares, senão milhões, de vidas. Acredito que seremos capazes de oferecer vacinas personalizadas contra o câncer, para diversos tipos de tumores, para pessoas em todo o mundo”, comentou Burton em uma entrevista ao jornal The Guardian.
A tecnologia do RNA mensageiro (RNAm) tem desempenhado um papel crucial no combate ao câncer e outras doenças, como evidenciado no desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19.
“Teremos terapias baseadas em RNAm para doenças raras que antes não tinham tratamento. Acredito que, em 10 anos, estaremos nos aproximando de um mundo em que será possível identificar a causa genética de uma doença e, com relativa simplicidade, removê-la e repará-la usando a tecnologia baseada em RNAm”, acrescentou Burton.
As vacinas, tradicionalmente associadas ao combate a vírus e bactérias, agora estão sendo exploradas na oncologia. Estudos recentes indicam que vacinas podem revolucionar o combate a diversos tipos de câncer. Atualmente, 50 milhões de pessoas vivem com câncer em todo o mundo, e são esperados 19 milhões de novos casos anualmente, resultando em cerca de 10 milhões de mortes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Embora as vacinas oncológicas ainda estejam em fase de testes, alguns estudos já mostram eficácia. Um desses estudos, publicado em janeiro na revista Science Translational Medicine, demonstrou sucesso no tratamento e prevenção do glioblastoma, um tipo agressivo de câncer cerebral, utilizando o mesmo princípio das vacinas convencionais. A vacina utiliza um fragmento do tumor para treinar o sistema imunológico, criando uma defesa que fica armazenada na memória das células.
Bernardo Garicochea, oncologista do Grupo Oncoclínicas, destacou a inovação desses tratamentos, que possibilitam atacar o tumor com dois mecanismos simultâneos transportados por uma célula viva do próprio tumor. Ele ressaltou que os tumores apresentam complexidade única, exigindo tratamentos cada vez mais individualizados.
Outros estudos incluem testes da vacina OVM-200, criada pela Oxford Vacmedix, que está sendo avaliada em pacientes com câncer de próstata, pulmão e ovário. A vacina contém uma forma sintética da survivina, uma proteína presente em células cancerosas que dificulta o ataque do sistema imunológico.
Além disso, nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou testes para uma vacina experimental contra o câncer de mama agressivo. A pesquisa sugere que a vacina pode destruir células cancerosas e criar memória imunológica para prevenir o ressurgimento do tumor, com sucesso observado em camundongos.
A imunoterapia, que utiliza o sistema imunológico do paciente para combater tumores, também avança no tratamento do câncer, oferecendo opções com menor toxicidade em comparação à quimioterapia e radioterapia.
Em resumo, os avanços nas vacinas terapêuticas e na imunoterapia representam uma nova era na luta contra o câncer, proporcionando tratamentos mais personalizados e eficazes. O futuro da oncologia parece promissor, com a possibilidade de abordagens inovadoras e menos invasivas.
Fonte: O Globo, Revista Galileu, SBM e Estado de MInas
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